Diretoria de Comunicação – Quais são os sintomas característicos de cada uma das doenças e como elas se diferencias umas das outras?
Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco – As arboviroses dengue, zika e chikungunya se caracterizam clinicamente por apresentarem febre, dor nas juntas e manchas nas peles, que nós chamamos de exantema. A zika tem febre mais baixa, dor e inchaço nas juntas, o edema articular e o exantema são intensos e são mais precoces, aparecem entre o primeiro e segundo dia de doença. A dengue e chikungunya têm início com febre alta. Tanto na dengue como na chikungunya, o exantema é mais tardio, depois do terceiro dia de doença. A dengue também pode causar dor nas juntas, dores articulares, mas menos intensa que na chikungunya. Já a chikungunya, além da febre alta e do exantema, caracteriza-se pela dor intensa nas juntas, que é uma dor incapacitante, a pessoa não consegue se levantar, andar, muitas vezes a pessoa se levanta e cai, desmaia de dor, porque a dor é muita intensa. Das três, a chikungunya apresenta um quadro mais grave de dor.
DCom – Quais são os principais métodos de prevenção que a população pode adotar para evitar a propagação dessas doenças?
MR – As três doenças são transmitidas pela picada do Aedes aegypti. A fêmea do inseto coloca os ovos normalmente em recipientes que tenha alguma sombra, e, quando esses ovos entram em contato com a água, o ciclo desse inseto começa, e ele vai se desenvolver até chegar a forma de adulto. Qualquer recipiente que fique com água ao ar livre pode se tornar um foco do Aedes aegypti. Em 75% dos casos dessas arboviroses, o transmissor está na própria residência. Então é preciso ter todo cuidado com qualquer forma de recipiente que possa ficar ao ar livre. Além das nossas medidas, como cidadãos, de limpeza da nossa casa, do nosso quintal para não haver focos desse vetor, também o setor público precisa fazer a sua parte, com urbanização, limpeza pública, tirando qualquer possibilidade de foco do Aedes.
DCom – E a vacina contra a dengue é eficaz no combate?
MR – A vacina que atualmente o Ministério da Saúde está usando, a Qdenga, mostrou ser bastante eficaz. Foi estudada em pessoas de quatro a sessenta anos e mostrou eficácia em relação a evitar que essas pessoas contraiam dengue por qualquer um dos quatro sorotipos que existem. Em menores de quatro anos, chegou a ser estudada, mas não demonstrou ser eficaz, e, em maiores de sessenta anos, ainda não há estudo comprovando a sua eficácia, mas, provavelmente, em breve, nós vamos ter estudos em maiores de sessentas anos publicados.
DCom – Qual é a importância da educação pública e da conscientização para prevenir a propagação dessas doenças?
MR – Como os focos do vetor são muito variados — por exemplo, pneus deixados ao ar livre, um simples copo plástico descartável, um buraco no asfalto, que podem virar foco do vetor — existem muitas possibilidades de ter criadouros do Aedes aegypti. É muito importante que eduquemos desde as crianças, para identificarem esses potenciais criadouros, para evitarmos que se tornem focos desse vetor e para mudanças de hábitos. Essas informações e orientações precisam ser amplamente disseminadas desde a infância para que, por exemplo, o adulto possa ter o seu comportamento modificado pelo exemplo e informação da criança. Precisamos também de campanhas de saúde pública em todas as áreas, nas redes sociais, na imprensa, chamando a atenção para o problema dessas doenças, especialmente no caso da zika, devido ao risco da zika congênita com crianças que nascem com microcefalia. A chikungunya pode deixar muitas sequelas, e a dengue pode se agravar se a pessoa não tomar bastante líquido a fim de evitar as complicações, que podem levar à morte ou causar sequelas. Por tudo isso, é muito importante convencer a população para a mudança de atitude.
Confira algumas dicas para o combate eficaz contra as doenças arbovirais:
Por: Sarah Dantas
Revisão: Jáder Cavalcante